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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os morros cariocas segundo Oliveira Ramos

 Estamos publicando em nosso blog, a publicação dessas feras.
O blog tem a satisfação de publicar um “comentário” feito no nosso blog pelo jornalista Oliveira Ramos, onde faz um belo relato da vida e do cotidiano popular dos brasileiros residentes nos morros da “Cidade Maravilhosa”.
Colega nosso daqui do JP On line, onde edita um blog basicamente sobre esporte, Oliveira Ramos é “carioca” de paixão e botafoguense de sofridão. Leia abaixo:
Caro Urubulino,
Eu saí de Fortaleza, para o Rio de Janeiro, em 1966. Cheguei em São Luís em 1987. Morei no Rio de Janeiro por 21 anos, desses, alguns atuando como Jornalista para o Jornal do Brasil (estágio curricular) e para o Jornal O Dia e Jornal dos Sports.
Eu conheço o Rio de Janeiro. Aprendi, ao longo desses anos que, como dizem os que ali nasceram, “ser carioca” não é simplesmente ter nascido no Rio.
“Ser carioca” é um estado de espírito que se mistura com alegria, irreverência, cultura, amizade, educação, solidariedade.
Está completamente equivocado quem não conhece o Rio, dizer ou imaginar que nos morros daquela cidade só moram marginais, drogados, ladrões, traficantes.
Drogado, ladrão, traficante ou marginal existe em qualquer lugar, inclusive em escritórios, hospitais, quartéis (viu a denúncia de uma moradora, afirmando que um Policial levou o dinheiro dela e algumas bananas?), jornais, e até nos lugares que ninguém imagina. Isso nunca foi privilégio dos morros cariocas.
Quem desejar conhecer um pouco mais dos morros cariocas, procure ler Caco Barcelos, o melhor Repórter do Brasil. Dom Hélder Câmara, meu conterrâneo, foi uma das maiores autoridades eclesiásticas do Brasil e adorava os morros, desenvolvia trabalhos com os moradores dos morros e na maioria das vezes tomava para si o papel do Estado. Veja um exemplo: os advogados que foram presos pela PM, moravam nos morros?
No pouco entendimento deste humilde cidadão que conhece um pouco da realidade do Rio de Janeiro, o mal está na sociedade. Só existe traficante porque existe comprador. E o comprador não mora no morro.
Veja uma responsabilidade da “sociedade”. De repente, você concebe um filho, alimenta, dá-lhe escola, alimentação, roupa, plano de saúde, lazer, uma família, mas quando há uma necessidade, você não pode “bater” nele ou castigá-lo.
Mas a Polícia, que nada faz por ele, nem segurança lhe dá, pode “bater”. Pode dar-lhe tapa na cara no meio da rua, enquanto você, pai, não pode castigá-lo dentro do próprio lar, quando acha necessário. Esse é um “arranjo” criado, feito e seguido pela sociedade atual. Isso é o retrato da idiotice, da hipocrisia e de muita merda defendida pelos teóricos de plantão.
Você certamente já viu alguns idiotas, hipócritas defendendo os homosexuais masculino ou feminino. Agora, pergunte se ele se sente muito feliz em ser pai de uma pessoa dessas! Mas, para “aparecer” ele teoriza e ainda inventa uma tal de xenofobia.
O sujeito rouba um pão para comer, porque está com fome, e passa a ser um “ladrão”. É preso. Fica maculado.
Engravatados roubam dinheiro – milhões – transgridem as leis, enviam dinheiro para contas no exterior, se candidatam e, eleitos, ficam imunes! Esses não são ladrões!
E aí, lá em cima, no seu texto, você está chamando isso de “democracia”. Democracia o escambau, cara!
Democracia é você gostar de Chico Buarque enquanto o seu “irmão” Linhares diz que o Chico é um engodo. Paciência. Isso sim, é democracia. É um direito de gostar ou não. É o direito de escolher.
Finalmente. Os morros do Rio não são tudo o que se diz deles. Eu fiz amizade com um barbeiro na Rocinha e de 15 em 15 dias subia lá para cortar o cabelo, isso durante mais de dez anos. E nunca fui incomodado por ninguém nem por qualquer traficante. E sabe por que? Porque eu não tinha nada a tratar com eles. O meu assunto era com o Barbeiro.
Muitos traficantes têm “amigos” quer não fazem a mesma coisa que eles. Eles têm até alguns amigos sérios, corretos, que cuidam de algumas coisas legais para eles e vivem no próprio morro.
Você deve ter visto fotos das casas e das piscinas das casas de alguns traficantes. Quem você acha que “construiu” aquilo para eles? Outros traficantes? Não. Foram pessoas que moram e vivem legal e honestamente nos morros. Um abraço.
O que precisa mudar neste país é a sociedade. É o Código Civil. É o babaca que, por ser assalariado de alguns vagabundos e ladrões de gravata, defende-os intransigentemente, achando que está defendendo o pão de cada dia. Pelo contrário, ele está é “tirando” e “diminuindo” o seu pão de cada dia, porque, dia menos dia, aquele patrãozinho dele ladrão vai ser pego com a boca na botija. Isso se chama subserviência. E só é subserviente quem não aprendeu nada na vida, quem não tem caráter, quem não estudou, quem não tem formação moral nenhuma.

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