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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

‘Dos 1.262 cargos da Saúde, o PMDB indicou só dois’‏

do blog do Josias de Sousa  


Fábio Pozzebom/ABr

Em timbre de desabafo, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), despejou no seu microblog um lote de 21 mensagens.

Da primeira à última nota, o deputado tenta afastar dele próprio e de sua legenda duas urucubacas: a pecha de fisiológicos e os malfeitos da Funasa.

Uma notícia veiculada pelo repórter Bernardo Mello Franco e ecoada aquiazedara o café da manhã de Henrique Alves.

No texto, informou-se que, nos últimos quatro anos, sob a presidência de indicados do PMDB, a Funasa colecionou desvios de R$ 500 milhões.

O líder pemedebê foi ao laptop. Conectado ao twitter, ocupou-se da pasta da Saúde antes de dedicar-se espeficicamente à Funasa.

“Passo a vocês dados e fatos fundamentais para desmistificar a falácia sobre as indicações do PMDB da Câmara junto ao Ministério da Saúde”.
  
Pelas contas de Henrique, há no organograma da Saúde “1.262 cargos comissionados”. São posições ocupadas mediante apadrinhamento político.

Henrique anotou: “Apenas dois [desses cargos] foram indicados pelo PMDB da Câmara. Ainda assim, nos dois últimos anos do governo Lula [2008 a 2010]”.

O deputado foi específico: “Apoiamos a nomeação do ex-secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame e do seu chefe de gabinete”.

Beltrame teve a cabeça levada à bandeja pelo novo titular da Saúde, o petista Alexandre Padilha. Ao descer a faca, o ministro açulou a ira de Henrique.

Travaram um diálogo telefônico acerbo, que resultou em rompimento. Sob intermediação do vice Michel Temer, ministro e deputado fizeram as pazes.

A despeito da bandeira branca, desfraldada na semana passada, Henrique cuidou de qualificar o apadrinhado que Padilha passou na lâmina.

Escreveu que Beltrame tem “excelente currículo, com perfil adequado aos critérios técnicos exigidos” para a função. Contabilizou em 132 os “cargos e funções” sujeitos à indicação política na secretaria que Beltrame geria.

Enfatizou: “Não temos a menor idéia de quem ocupou os outros 130 cargos da Secretaria”. Insistiu: “Muito menos sabemos quem está, ou esteve, nos 1.260 cargos da Saúde”.

Nas derradeiras notas, Henrique discorreu sobre a Funasa: “O PMDB da Câmara também foi responsável pela indicação do Dr. Danilo Forte”.

Danilo teve o nome mencionado na reportagem que tratou dos desvios na Funasa. Presidiu a fundação até o final de março. Deixou a função para disputar uma cadeira de deputado federal pelo PMDB do Ceará. Elegeu-se.

“Ele foi sucedido, com nosso apoio, em março de 2009, por Faustino Lins - servidor público federal desde 1970”, informou Henrique. Ele atribuiu a Danilo a requisição das “tomadas de contas” que trouxeram à luz as malfeitorias noticiadas.

“Tais auditorias são necessárias quando as prestações de contas dos convênios [com Estados e municípios] apresentam erros ou inconsistências”, esclareceu.
  
“Se alguma irregularidade houvesse, que fosse responsabilidade do dirigente, as contas do Dr. Danilo não teriam sido aprovadas integralmente”.

O deputado soou enfático: “Repito! As contas do Dr. Danilo foram aprovadas integralmente, sem ressalvas, tanto pela CGU quanto pelo TCU”.

Curiosamente, Henrique absteve-se de defender o antecessor de Danilo, Paulo Lustosa. Foi à Funasa por indicação dos senadores Renan Calheiros e José Sarney. Saiu "banido do serviço público".

Depois de saltar Lustosa, Henrique voltou ao tema dos cargos de segundo escalão da Saúde: “Quem quiser averiguar as nomeações [...], pode fazer uma pesquisa entre os 1.262 cargos do ministério”.
  
Aconselhou: “É só escolher 30 nomes aleatoriamente e perguntar aos comissionados quem os indicou para aquela função”.

“Esta apuração confirmará a verdade do PMDB. A propósito, estas foram as razões do desentendimento com o ex-ministro Temporão”.

Nesse ponto, Henrique refere-se a José Gomes Temporão. Titular da Saúde até dezembro de 2010, foi substituído por Padilha.

Embora filiado ao PMDB, Temporão jamais foi reconhecido pela caciquia da legenda como um ministro de sua “cota”. Chamavam-no de “barriga de aluguel”.

Henrique atribuiu ao nariz torcido de Temporão a inanição do PMDB na Saúde: “Ele não aceitava as indicações técnicas e adequadas do PMDB...”

O desabafo do líder demonstra a dificuldade do PMDB de atender a um pedido feito por Dilma Rousseff. Ela rogara para que a arenga dos cargos saísse do noticiário.

O diabo é que o PMDB enxerga na artilharia da Funasa as digitais do PT. E não parece disposto a apanhar em silêncio. Que briguem! A desavença interessa à platéia.

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